São Luís (MA) – A onda de violência recente na capital maranhense, motivada pela disputa entre grupos criminosos, tem sido agravada pela intensa disseminação de informações falsas e boatos nas redes sociais. Especialistas e autoridades alertam que a propagação da desinformação potencializa o pânico na população e pode dificultar a atuação das forças de segurança.
Áudios e mensagens de texto, que circulam amplamente atribuídos a facções criminosas, ajudam a intensificar o clima de tensão instalado na cidade. A veracidade do conteúdo dessas mensagens é questionável, mas seus efeitos sobre a rotina e o estado emocional da população são reais.
Marcello Lopes, psicólogo, explica que, embora o medo seja uma emoção natural que nos coloca em alerta em situações de risco, a propagação de informações falsas o transforma em um fator de desorganização social.
"O problema é quando esse medo se baseia em informações falsas e distorcidas. Ele deixa de ser um aliado e passa a ser um agente de desorganização social. Quando as pessoas acreditam em boatos de violência iminente, elas tendem a mudar drasticamente suas rotinas, evitam sair de casa, deixam de trabalhar, de estudar e até interrompem atividades essenciais," afirma o psicólogo.
Esse comportamento coletivo de evitação e pânico reforça a sensação de que a cidade estaria "fora de controle," mesmo que a informação inicial seja inverídica.
Rakel de Castro, professora de Jornalismo da UFMA, explica a eficácia da desinformação em momentos de crise:
"A informação falsa, a desinformação, nomeadamente a fake news, ela mexe com as emoções das pessoas. Invariavelmente, ela vem colada com alguns elementos de verdade. A construção da informação ali vem com toques de verdade ao lado de uma grande mentira, para parecer verdade e, especialmente, para mobilizar sentimentos e emoções nas pessoas," destaca a professora.
A onda de violência é uma realidade, mas a professora ressalta que o acréscimo de informações falsas sobre ela "mobiliza o medo das pessoas." As consequências práticas foram vistas na suspensão de atividades acadêmicas por instituições como a Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e o Instituto Federal do Maranhão (IFMA).
Alerta da Polícia
O compartilhamento de informações inverídicas também é um fator de atenção para a segurança pública, pois pode atrapalhar o trabalho da polícia. O Coronel Wallace Amorim, Comandante-Geral da Polícia Militar do Maranhão, garantiu que a corporação está atenta.
"Todas as denúncias estão sendo averiguadas. A Polícia Militar está 24 horas na rua para garantir a paz e a ordem pública," assegurou o comandante.
Mais informações na reportagem de Artur Oliveira, para a TV Cidade | RECORD.
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