O Conselho de Segurança abrigou um debate ministerial sobre a ligação entre mudança climática e paz mundial.
Na reunião virtual, o secretário-geral adjunto para a Europa, Ásia Central e Américas, Miroslav Jenca, descreveu a emergência climática como “um perigo para a paz.”
Regiões
Segundo ele, “não há ligação automática entre mudança climática e conflito, mas a mudança climática aumenta riscos existentes e cria novos.”
Jenca explicou que as consequências variam de região para região.
No Pacífico, por exemplo, o aumento do nível do mar ameaça os meios de subsistência, diminuindo a coesão social.
Na Ásia Central, a falta de água e recursos pode levar a tensões regionais.
Na África Subsaariana, no Sul da Ásia e na América Latina, poderão surgir mais 140 milhões de deslocados internos até 2050, com consequências para a estabilidade.
No Sudeste da África e no Oriente Médio, os efeitos aumentaram o risco de conflitos violentos, criando mais espaço para organizações extremistas.
Países com mais instabilidade e afetados por conflitos serão menos capazes de lidar com esta ameaça.
Mulheres e homens
Sete das 10 nações mais vulneráveis e menos preparadas para a mudança climática abrigam, no momento, uma operação de manutenção da paz ou missão política especial. Os riscos de segurança afetam mulheres, homens, meninas e meninos de maneiras diferentes.
No Sudão, por exemplo, a escassez de recursos obriga os homens a migrar para longe de suas famílias em busca de meios de subsistência. Já as mulheres, continuam vivendo em áreas rurais, com os efeitos climáticos e insegurança.
Círculo vicioso
O secretário-geral adjunto afirmou que “os atores de paz e segurança têm um papel essencial a desempenhar.”
Segundo ele, “o fracasso em considerar estes impactos crescentes, prejudicará os esforços na prevenção de conflitos e manutenção da paz e colocará os países vulneráveis em um círculo vicioso de desastre e conflito climático.”
Miroslav Jenca destacou depois algumas ações que a comunidade internacional pode tomar em conjunto.
Primeiro: é preciso usar as novas tecnologias e melhorar a capacidade de previsão climática de longo prazo.
Densidade demográfica
O Mecanismo de Segurança Climática, uma iniciativa de várias agências e departamentos da ONU, já está apoiando abordagens inovadoras nesse campo.
No Iraque, a Missão da ONU está desenvolvendo um sistema de alerta precoce, que combina análise da densidade demográfica e de deslocamento para antecipar possíveis tensões sobre os recursos hídricos.
Em segundo lugar, é preciso aprender com as pessoas que sofrem as consequências desta ameaça todos os dias.
Colômbia e Lago Chade
Em Chocó, na Colômbia, um projeto piloto da ONU promove o envolvimento das mulheres na governança ambiental, no contexto da implementação do Acordo de Paz.
Jenca afirmou que a iniciativa “já está tendo efeitos positivos na construção da paz.”
Por fim, é necessário fortalecer parcerias, entre agências da ONU, Estados-membros, organizações regionais e outros parceiros.
O secretário-geral adjunto deu exemplo de como isso já está acontecendo na Bacia do Lago Chade, no Sahel, nas ilhas do Pacífico e na Ásia Central, onde uma iniciativa da Alemanha, apoiada pela ONU, está melhorando a cooperação regional sobre água transfronteiriça e mudança climática.
Elos
Miroslav Jenca terminou dizendo que “nos últimos anos, foi feito um grande progresso na compreensão dos elos entre mudança climática, paz e segurança.” Apesar disso, é preciso continuar atento, porque “as mudanças climáticas são implacáveis e seus efeitos em cascata continuarão a crescer e evoluir.”
Participaram ainda no encontro o Diretor do Centro Nacional de Estudos Estratégicos e de Segurança do Níger, Mahamadou Magagi, e a diretora da Consultora Pacífico Sustentável, Coral Pasisi of Niue.
Fonte: ONU News.