Os dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) de novembro de 2021, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontaram um crescimento de 0,6% no volume de vendas no varejo. E, apesar da revisão do desempenho de outubro, que havia apurado queda de 0,1% e agora aponta alta de 0,2%, o resultado não é suficiente para compensar a perda de 5% acumulada em agosto e setembro. Esses dados, aliados ao descasamento entre os reajustes dos preços no atacado e no varejo, ao cenário de deterioração das condições de consumo e ao encarecimento do crédito, levaram a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) a revisar de +1,2% para +0,9% a expectativa de variação do volume de vendas no comércio varejista para 2022.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, avalia que o aumento da circulação de consumidores, que permitiu a reação do setor após as duas ondas da pandemia, já não é o bastante para impulsionar as vendas. Na semana que antecedeu o Natal, a média semanal de fluxo de consumidores chegou a superar em 20% o nível pré-pandemia. “A rápida disseminação da variante Ômicron e a natural desaceleração das compras após as festas de fim de ano passaram a constituir um cenário desafiador para o setor no início de 2022”, observa.
Segundo os dados do IBGE, em novembro, o volume de vendas no varejo voltou a se situar acima do nível observado em fevereiro de 2020 (+1,2%). No entanto, com exceção das vendas em segmentos essenciais como supermercados (+0,9%), produtos farmacêuticos (+1,2%) e artigos de uso pessoal e doméstico (+2,2%), os demais ramos pesquisados revelaram contrações nas vendas, destacando-se as perdas apuradas nos segmentos de móveis e eletrodomésticos (-2,3%), vestuário e acessórios (-1,9%) e combustíveis e lubrificantes (-1,4%).
Faturamento evolui, mas cenário abala volume de vendas
O economista da CNC responsável pela pesquisa, Fabio Bentes, avalia que, apesar da evolução do faturamento, a deterioração das condições de consumo tem levado o comércio a experimentar perdas sucessivas de volume de vendas também nos comparativos interanuais. Em relação a novembro de 2020, por exemplo, houve avanço de 8,8% na receita, porém, descontada a variação dos preços (+13,0%), o setor observou uma retração de 4,2% no volume após apresentar variações de -4,1%, -5,2% e -6,8% de agosto a outubro.
Ele também destaca o ritmo intenso dos reajustes no atacado e a incapacidade de repasse integral das altas de preços ao consumidor final como determinantes para a esse panorama. Enquanto no varejo os preços subiram, em média, 13% nos 12 meses encerrados em novembro de 2021, no atacado os preços ao produtor, coletados pelo próprio IBGE, avançaram 27,1% durante o mesmo período. “É improvável a reversão deste cenário no curto prazo e, por isso, reduzimos a projeção”, explica.
Fonte: Fecomercio-MA