Pelo menos 320 crianças morrem todos os dias por causas relacionadas à Aids

agente de saúde com instrumentos de laboratório
Foto: UNAIDS (via ONU Brasil).

Um relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, sugere que 2,8 milhões de crianças e adolescentes entre 0 e 19 anos estão vivendo com HIV, o vírus da Aids, no mundo.

A falta de acesso ao tratamento e falhas na prevenção são consideradas uma das principais razões para a morte desse grupo. Apenas 54% dos soropositivos de 0 a 14 anos, ou 790 mil crianças, receberam terapia antirretroviral, no ano passado.

Ganhos

O relatório “Crianças, HIV e a Aids”, divulgado nesta terça-feira, informa que 2018 registrou 120 mil mortes de crianças e adolescentes por causas relacionadas à Aids, uma média de 320 mortes por dia.

Apesar de campanhas de prevenção, muitas crianças e adolescentes continuam sendo infectados pelo HIV, mas o número de meninas é quase três vezes maior que o de meninos que contraem o vírus. Foram 140 mil meninas em 2018 contra 50 mil rapazes.

Para a diretora-executiva do Unicef, Henrietta Fore, “o mundo está prestes a obter grandes ganhos na batalha contra o HIV e a Aids”.  Para ela, "negligenciar iniciativas de testes e tratamentos para crianças e adolescentes é uma questão de vida e morte”, e por isso mesmo com os ganhos, o mundo não pode baixar a guarda.

Disparidades

Os dados mostram profundas disparidades regionais no acesso ao tratamento entre crianças vivendo com HIV. O sul da Ásia aparece com a maior cobertura: 91%, seguido do Oriente Médio e norte da África com 73%, leste e sul da África com 61% e leste da Ásia e Pacífico com 61%. Já América Latina e Caribe tem as taxas mais baixas de crianças recebendo antitretrovirais. Na América Latina são 46% na África Ocidental e Central: 28%.

Um bebê nascido de uma mãe soropositiva na África Oriental e Austral, por exemplo, tem duas vezes mais chances de ser testado para HIV dentro de dois meses após o nascimento do que um recém-nascido na África Ocidental e Central ou no Sul da Ásia.

Em todo o mundo, 30% das crianças expostas ao HIV, sem tratamento, morrem antes do primeiro aniversário, com a maioria dessas mortes ocorrendo entre os dois e os quatro meses de idade.

O Unicef destaca que a localização e teste de todos os bebês expostos é essencial para que eles sejam diagnosticados e submetidos a tratamento o mais rápido possível.

Mães

Mas também há boas notícias: o acesso das mães à terapia antirretroviral para impedir a transmissão do vírus a seus bebês aumentou globalmente chegando a 82%. Há menos de 10 anos, este índice era de 44%.

Quando o tema é transmissão vertical, a de mãe para bebê, as diferenças entre as regiões persistem. África Oriental e Austral oferecem as taxas de cobertura mais altas com 92%, seguidas pela América Latina e Caribe com 79%, África Ocidental e Central com 59%, Sul da Ásia com 56%, Ásia Oriental e Pacífico com 55% e Oriente Médio e Norte da África com 53%.

No ano passado, 89 mil crianças com menos de cinco anos foram infectadas durante a gravidez ou nascimento e 76 mil durante a amamentação.

A chefe do Unicef afirmou que o tratamento, cada vez maior, de grávidas para prevenir a transmissão de mãe para filho ajudou a evitar cerca de 2 milhões de novas infecções pelo HIV e a mortes de mais de 1 milhão de crianças com menores de cinco anos. Para ela, é preciso “ver progresso semelhante no tratamento pediátrico” e o fechamento dessa “lacuna entre as crianças e suas mães pode aumentar significativamente a expectativa de vida e a qualidade de vida das crianças infectadas pelo HIV.”

Com ONU News.

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